QUANDO BUSCAR AJUDA? INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA

Infância e Adolescência: quando buscar ajuda?

Às vezes há grande dúvida sobre a necessidade de se recomendar ou procurar um tratamento psiquiátrico.
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Não se sabe exatamente quando a criança deixa de lado a chupeta e adota o laptop, antes passando pelo celular. Antes parecia possível ver a criança passar serenamente para a pré-adolescência, desta para a adolescência e, paulatinamente, para o adulto jovem. Hoje o desenvolvimento da infância e adolescência é mais turbulento.

Entre a infância e adolescência existe a criança adolescentóide – arremedando o adolescente – com batom, celular e preocupado com grifes, cortes de cabelo fashion, bem como o adolescente com (ir)responsabilidades infantis. Participando desse desenvolvimento complicado existem no Brasil cerca de 5 milhões de crianças e adolescentes demonstrando problemas emocionais, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Associação Brasileira de Psiquiatria realizou, em parceria com o instituto Ibope, promoveu uma pesquisa nacional que estimou a prevalência de sintomas dos transtornos mentais mais comuns na infância e na adolescência (de 6 a 17 anos). Para essa pesquisa foram entrevistadas 2002 pessoas, em 142 municípios de todas as regiões do Brasil em outubro de 2007.
Aproximadamente 12,6% das mães entrevistadas relataram ter um filho com sintomas emocionais suficientes para necessitar tratamento (vem daí o número de 5 milhões). Dessas mães, 28,9% delas não conseguiram ou não tiveram acesso a atendimento público; 46,7% obtiveram tratamento no SUS e 24,2% através de convênio ou profissional particular. Em geral as crianças que não conseguem tratamento se desenvolvem mal e podem se tornar adultos vulneráveis e com dificuldades emocionais.
Segundo a pesquisa, a maior parte das crianças e adolescentes apresenta sintomas que somam mais de um transtorno emocional. Resumindo, são mais de 3 milhões (8,7%) com sinais de hiperatividade ou desatenção; mais de 2,5 milhões (7,8%) com dificuldades de leitura, escrita e contas (sintomas que correspondem ao transtorno de aprendizagem), mais de 2 milhões com sintomas de irritabilidade e comportamentos desafiadores e igual número com dificuldade de compreensão e atraso em relação a outras crianças da mesma idade.
Sinais importantes de depressão típica também aparecem em aproximadamente 1,5 milhão (4,2%) das crianças e adolescentes e mais 1,5 milhão delas apresenta transtornos ansiosos importantes. Mais de 1 milhão das crianças e adolescentes (2,8%) apresenta problemas significativos com álcool e outras drogas. Esta população parece ter enfrentado uma dificuldade ainda maior para conseguir tratamento. Na área de problemas de conduta, como mentir, brigar, furtar e desrespeitar, 1,2 milhão (3,4%) de crianças apresenta problemas.

SINTOMAS DE PROBLEMAS EMOCIONAIS MAIS FREQÛENTES*   -   %
Hiperatividade/Desatenção
8.7
Tristeza/desânimo/choro
4.2
Ansiedade com separação da figura de apego
5.9
Dificuldades com leitura, escrita e contas
7.8
Medos específicos (insetos, trovão, etc)
6.4
Ansiedade em situações sociais
4.2
Ansiedade com coisas rotineiras (provas, o futuro, etc)
3.7
Comportamentos desafiadores, opositivos/irritabilidade
6.7
Dificuldades de compreensão/atraso escolar
6.4
Problemas com o uso de álcool e/ou drogas
2.8
Mentiras/brigas/furtos/desrespeito
3.4
* - Dados da pesquisa da ABP coordenada pela Dra. Tatiana Moya - Release da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) de 10/10/2008, disponível em http://www.abpbrasil.org.br/sala_imprensa/releases/exibRelease/?release=115 .

Quando se deve buscar tratamento psiquiátrico em crianças e adolescentes Geralmente as pessoas têm muitas dúvidas sobre a necessidade de uma criança ou adolescente procurar um tratamento psiquiátrico. E não se excluem muitos médicos desse público desorientado. Às vezes são os familiares ou amigos os primeiros a suspeitar que a criança ou adolescente precisa de cuidados psiquiátricos, outras tantas vezes são os professores quem primeiro observa a necessidade dessas crianças e adolescentes. Detectar precocemente eventuais problemas emocionais na criança ou adolescentes é fundamental para o sucesso do tratamento.

Entre aquilo que deve ser observado incluem-se os comportamentos, os problemas nas relações sociais e no trabalho (ou escola), as alterações do sono, da atenção, da adaptação e da alimentação, o abuso de álcool ou drogas, expressão exagerada das emoções, dificuldades em lidar com questões cotidianas. Perceber precocemente alterações no modo de vida ou na adaptação das crianças e adolescentes pode contribuir na identificação de problemas psiquiátricos no momento em que o tratamento seria mais eficaz.
A maneira de ser dessa criança ou adolescente deve ser especialmente valorizada, principalmente quando se estabelecem comparações com outras pessoas nas mesmas circunstâncias (importante ver também a página O Diagnóstico em Psiquiatria, na seção Temas Livres).
Na idade pré-escolar, em torno dos 6 anos, algumas patologias podem ser bem identificadas. Os quadros ansiosos, por exemplo, quando se manifestam através do quadro de Ansiedade de Separação da Infância são facilmente identificados. Esta situação se caracteriza por extrema recusa em separar-se da figura de maior ligação afetiva – geralmente a mãe. As características principais da Ansiedade de Separação da Infância são:
Relutância em se separar da pessoa de vínculo afetivo (em geral a mãe)
Preocupação excessiva em perder esse vínculo afetivo
Recusa ou grande dificuldade em ir para a escola
Medo exagerado de ficar sozinho
Pesadelos que envolvem separação


A depressão, por outro lado, não é facilmente diagnosticada na primeira infância ou na idade pré-escolar. Embora existam quadros depressivos nessa faixa etária, as classificações de doenças (DSM.IV e CID.10) não enfatizam esse diagnóstico, pois o quadro clínico de depressão na infância em geral é bastante atípico. Entretanto, existem outros sintomas psicoemocionais que podem ser indícios indiretos de um transtorno afetivo depressivo.


Os freqüentíssimos casos de Transtornos de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) são mais facilmente diagnosticados em crianças um pouco mais velhas, em torno dos 7-8 anos, embora eles já estejam presentes precocemente. Os principais sintomas a serem observados em relação ao TDAH são:
Desatenção em todos os níveis
Dificuldade em terminar tarefas
Dificuldade em seguir orientações
Perda de coisas, desorganização e esquecimento
Distraibilidade, inquietação (cadeira, mãos, pés)
Fala excessiva
Pouca sensação de dor
(Veja mais sobre o TDAH)
Quadros psiquiátricos mais graves, como por exemplo, o Autismo Infantil, o Transtorno Obsessivo-Compulsivo, a Deficiência Mental, também podem ser identificados nessas crianças mais novas, em torno dos primeiros 30 meses.
Os sintomas indicativos de possível problema emocional, de comportamento ou de desenvolvimento em uma criança em idade escolar que necessita avaliação psiquiátrica podem incluir qualquer dos itens abaixo:
1. - Redução significativa no rendimento escolar Neste caso pode estar em jogo alterações do interesse e da atenção. Problemas domésticos que causam preocupação excessiva à criança podem comprometer fortemente o grau de interesse e de atenção, assim como também as dificuldades na adaptação ao ambiente escolar que ocorrem em mudanças de escola.
A partir dos sete anos os problemas emocionais podem ser suspeitados principalmente em função do rendimento escolar e dos transtornos de aprendizado. A Depressãocostuma estar associada ao declínio visível no rendimento escolar com início definido. ODéficit de Atenção, embora também se relacione ao desempenho, este se mostra contínuo e cronicamente baixo. A Deficiência Mental deve ser pensada principalmente quando se acompanha de uma série de outros sintomas.
2. - Redução significativa no interesse escolarDepressão Infantil é particularmente acompanhada de desinteresse geral, tanto nos adultos quanto nas crianças e adolescentes. Ambiente escolar estressante, tenha origem nos colegas ou nos professores, também pode ocasionar aversão à escola e prejuízo do interesse. A falta de empatia com professores, eventual situação vexatória diante dos colegas ou bullying podem resultar em severo desinteresse (veja Dificuldades de Aprendizagem, na seção Infância e Adolescência).
As crianças portadoras de Déficit de Atenção, com ou sem hiperatividade, podem proporcionar grave desarmonia ambiental, seja por desentendimento com professores ou com colegas e, conseqüentemente, criar uma convivência estressante o suficiente para produzir desinteresse.
3. - Abandono de certas atividades antes desejadasAbandonar por desinteresse as atividades que antes davam prazer é outro sinal deDepressão Infantil. O sintoma de anedonia – incapacidade para sentir prazer – aparece tanto nas depressões dos adultos quanto das crianças.
O desânimo e o desinteresse levam a criança ou adolescente deprimido a um comportamento de retraimento, apatia e isolamento social. O desânimo é físico, como uma perda da energia global geralmente confundida com preguiça e responsável por muitos exames de sangue em busca de uma anemia que não se confirma. O desinteresse é emocional, é a perda do prazer ou gosto em fazer as coisas.
4. - Distanciamento de amigos ou familiaresO retraimento social, juntamente com a recusa em participar de compromissos familiares pode significar muitas coisas, desde a Depressão Infantil, Fobia Social, insegurança, até mesmo sentimentos de vergonha quando os pais brigam muito, quando um deles bebe, quando estão para se separar...
As crianças vítimas de abuso sexual ou de violência causada por babás, além de outros sintomas, podem apresentar distanciamento de amigos ou familiares, abandono de certas atividades, perturbações do sono com insônia inicial (causada geralmente por medo), inquietação, mudança de comportamento em relação ao agressor, irritabilidade...
5. - Perturbação do sonoOs exemplos de alterações do sono incluem o terror noturno, pesadelos, insônia e/ou hipersonia, sonambulismo, enurese (xixi na cama) noturna, bruxismo, etc. Essas alterações têm valor quando consideradas em conjunto com outras alterações de qualquer um dos demais itens apontados aqui.

6. Hiperatividade, inquietação, irritabilidade e/ou agressividadeQualquer uma dessas alterações acima pode representar um indício de depressão ou ansiedade infantil, cujos quadros, geralmente, são bem diferentes dos adultos. As manifestações atípicas da depressão na criança são tão comuns que boa parte dos casos diagnosticados como Déficit de Atenção com Hiperatividade é, de fato, reflexo de quadros depressivos infantis.
A alteração mais grave que apresenta agressividade infantil é o Transtorno de Conduta. Todo esforço deve ser empenhado para excluir esse diagnóstico, principalmente por se tratar de um problema de caráter e não ter cura (veja Transtorno de Conduta na seção Infância e Adolescência).
7. - Reações emocionais mais violentasAqui, como em outros itens, pode tratar-se de sinais de Depressão Infantil ou deTranstorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, porém, a irritabilidade é também comum em crianças portadoras de disritmia cerebral, embora os neurologistas insistam em dizer que não. Também podemos pensar em Transtorno de Conduta, como no item acima.
Se as explosões emocionais começaram de um determinado tempo para cá, ou seja, se não fazem parte da maneira de ser da criança ou adolescente, podem representar problemas vivenciais atuais, conflitos, medos, traumas.


8. - Rebeldia, birra e implicância, atitudes de oposiçãoExiste um quadro denominado Transtorno de Oposição na Infância ou Transtorno Desafiador Opositivo, onde a criança confronta qualquer tipo de autoridade, seja doméstica, social ou na escola. Felizmente a maioria desses casos não reflete umTranstorno de Conduta, como seria de se esperar, mas sim uma autoestima bastante baixa, necessidade de chamar atenção, sentimento de inferioridade.
9. - Preocupação e/ou ansiedade excessivasQuando crianças anteriormente bem adaptadas passam a apresentar preocupações de adultos, como por exemplo, questionamentos sobre a morte, saúde dos pais, segurança econômica, sobre o que fariam sem seus pais, insegurança com a economia doméstica, pode ser indício de depressão infantil.

Quais são os sintomas de um problema potencial em adolescentes?A entrada na adolescência traz mudanças significativas na pessoa, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. O adolescente começa a valorizar o pensamento abstrato, nascendo daí a possibilidade fascinante do jovem estabelecer suas próprias hipóteses, teorias, opiniões e pontos de vista. Essas hipóteses permitem ao adolescente fazer suas escolhas.
Por outro lado, surgem as crises de liberdade e de responsabilidade. Infelizmente, é nessa idade também que podem surgir quadros delirantes e alucinatórios, depressões e tentativas de suicídio, bem como comportamentos delinqüenciais e outras patologias emocionais.
Vejamos abaixo os sintomas mais comuns e sugestivos de possível problema emocional em uma criança de mais idade ou adolescente. Muito embora os sintomas a serem observados sejam os mesmos da infância, o significado deles pode ser diferente nos adolescentes.
1. - Redução significativa no rendimento escolarDepressão do Adolescente proporciona, tal como na criança e nos adultos, importante desinteresse geral. Ao invés da importância do ambiente e a falta de empatia com professores, como ocorre na infância, para o adolescente pesa muito os conflitos íntimos, os sentimentos de inferioridade, a baixa auto-estima, ou seja, os sintomas clássicos da depressão (veja Depressão na Adolescência, na seção Infância e Adolescência).
Entre os conflitos intrapsíquicos contam as frustrações com o sexo oposto, a exposição ao bullying, dificuldades de adaptação às mudanças de escola, cidade, país, cultura. É comum a queda do rendimento escolar quando o adolescente toma contacto com drogas, notadamente da maconha ou uso abusivo de álcool.
Outro fator que pode comprometer o rendimento escolar na adolescência são os surtos psicóticos, comuns nessa faixa etária. Nesse caso, muitos outros sintomas além do baixo rendimento escolar farão parte do quadro (veja Psicose na Adolescência, na seção Infância e Adolescência).
2. - Abandono de certas atividades, amigos ou familiaresMudança no grupo de amigos, afastamento repentino das atividades familiares e sociais habituais, abandono de atividades antes prazerosas, enfim, esse tipo de mudança brusca no comportamento do adolescente merece toda atenção. Tanto os quadros psicóticos quanto o uso de drogas podem resultar em afastamento das atividades habituais, dos amigos e familiares.
Por ordem de freqüência, o uso de drogas como causa dessas mudanças bruscas nas atitudes dos adolescentes é muito mais comum que o desenvolvimento de surtos psicóticos ou eclosão de depressão grave. Quando o problema é o uso de drogas, não há isolamento social, como acontece nas psicoses ou depressões, há sim, mudanças na conduta, no grupo de amigos...


Na Depressão, embora possa haver desânimo e desinteresse suficientes para que o jovem abandone algumas atividades, além do isolamento social percebe-se importante componente de tristeza e angústia, o que nem sempre acompanha as mudanças de comportamento no uso de drogas e nas psicoses.
3. - Alterações do sonoNa Depressão pode haver insônia. É comum, por exemplo, o adolescente ficar até altas horas ouvindo músicas em seu quarto. Pode haver também o contrário, ou seja, a hipersonia. Dormir demais pode ser uma tentativa de fugir de uma realidade angustiante.
Nos quadros afetivos bipolares, onde a depressão é intercalada de episódios de euforia, o jovem dorme muito pouco ou quase nada. Ele fica inquieto, agitado, hiperativo, falante e exageradamente animado. Nos casos de Psicose o sono pode desaparecer completamente. Surgem outros sintomas, tais como desleixo pessoal, apatia, estranheza e mudanças significativas dos hábitos.
4. - Alterações do Apetite Nas meninas adolescentes a falta de apetite ou anorexia tem sido o quadro mais freqüente de alteração alimentar. Podem surgir ainda crises de voracidade alimentar com bulimia ou não (veja Anorexia, Compulsão Alimentar e Bulimia, na seção Transtornos Alimentares).


Os adolescentes com Transtornos Alimentares normalmente apresentam obsessão pela forma física e podem, em casos mais graves, distorcer a auto-imagem corporal. Isso se observa quando se sentem gordos, apesar de estarem com peso bem abaixo do normal e, mesmo ainda, quando todas as outras pessoas não concordam com a opinião de excesso de peso.
Um sinal que chama a atenção para eventual Transtorno Alimentar é quando a adolescente faz uso abusivo, geralmente escondido, de laxantes e diuréticos. Na bulimia é comum a adolescente sair sempre da mesa e ir ao banheiro logo depois de comer.
O resultado da anorexia ou bulimia é a progressiva deterioração física e mental, começando com sintomas leves como queda dos cabelos, aftas, atraso menstrual, etc., até complicações cardiovasculares, renais e endócrinas graves e que podem levar a morte.
Comer Compulsivo também pode ser uma alteração do apetite que acompanha transtornos emocionais na adolescência. Nesse caso a pessoa come compulsivamente grandes quantidades de comida, geralmente calóricas. Estados ansiosos geralmente resultam em compulsão alimentar.
5. - Agressões freqüentes, rebeldia, atitudes de oposição ou reações violentasA agressividade na adolescência é um problema complexo. O comportamento agressivo e violento pode ser um traço da personalidade. Neste caso a pessoa É agressiva. A agressividade pode surgir como uma mudança na atitude da pessoa que não era agressiva. Neste caso a pessoa ESTÁ agressiva. Em psiquiatria as mudanças do comportamento têm mais valor.
O comportamento rebelde, agressivo e violento pode resultar de modismo ou como um comportamento desejável no meio social do adolescente. Isso pode ser reflexo de um apelo de seu meio, do grupo social que pertence.
O comportamento agressivo pode, não obstante, refletir um conflito emocional íntimo e/ou um quadro depressivo, ou ainda, um sinal de abuso de drogas. Comportamentos destrutivos envolvendo vandalismo, incendiarismo, destruição de propriedades, normalmente acontecem na sociopatia, a qual, no adolescente, recebe o nomeTranstorno de Conduta.
6. - Provocar dano a si mesmoIsso pode acontecer nos Transtornos do Controle dos Impulsos, por exemplo, naTricotilomania (arrancar cabelos e pelos), na Auto-Escoriação da pele, na Auto-Mutilação, nas atitudes de vômito da Bulimia. Esses comportamentos auto-prejudiciais fazem parte dos transtornos classificados no Espectro Obsessivo-Compulsivo.
Transtornos de Personalidade graves, como por exemplo, o transtorno histérico e o transtorno borderline, ambas com início na infância e adolescência, proporcionam comportamento teatral de auto-agressividade e ferimentos auto provocados com propósitos de manipulação do entorno.
7. - Pensamentos de morte e/ou suicidasPensar na morte não é mesma coisa que pensar em suicídio. Pessoas deprimidas podem pensar que preferiam estar mortas, embora não pensem em se matar. O suicida, por sua vez, pensa em se matar.
Depressão é a principal patologia relacionada à idéia de morte ou pensamento suicida. Não obstante, as psicoses também podem levar ao suicídio, geralmente decorrente de um delírio bizarro.
8. - Comportamento sexualizado excessivo e/ou precoceA expressiva maioria dos casos de atividade sexual precoce, notadamente nas meninas, parece ser estimulada pelas próprias mães. Estas, talvez devido a alguma fantasia íntima, acabam por estimular suas filhas a parecerem atrizes de novela, apresentadoras de TV ou outras personagens da mídia com notória atuação sexual. Esse fenômeno tem sido relacionado ao aumento na incidência de Puberdade Precoce e na precocidade da idade de iniciação sexual. 
Fora esses casos de conotação cultural, o Transtorno de Conduta é a condição mórbida mais associada ao comportamento hipersexualizado em meninas e meninos. Em segundo lugar vem o Transtorno Afetivo Bipolar do adolescente, durante a fase de euforia, fortemente relacionado ao aumento da libido. Finalmente, alguns casos deRetardo Mental são também associados ao comportamento hipersexualizado.
10. - Mentiras, fugas, embusteEssas atitudes costumam aparecer nos transtornos do caráter, como por exemplo, no Transtorno de Conduta e, em alguns casos, nas depressões com prejuízo da autoestima.


Os pais, muitas vezes por conta do natural envolvimento afetivo, podem não perceber, não reconhecer ou não aceitar os problemas emocionais em seus filhos. Mas isso não exclui a existência de tais problemas, apenas retarda seu tratamento. Quanto aos educadores, muitas vezes são eles os primeiros a observar os sintomas iniciais de um problema psiquiátrico na infância e adolescência. Essa facilidade se deve, entre outras razões, ao fato de poderem ter uma crítica mais desapaixonada da conduta da criança ou do adolescente.
Uma doença psiquiátrica na criança ou no adolescente quando diagnosticada e tratada a tempo pode evitar importantes seqüelas na vida adulta. É fundamental detectar o problema e consultar com um especialista.


para referir: Ballone GJInfância e Adolescência: quando tratar, in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2010.
Conversar com as crianças desenvolve mais a linguagem do que ler histórias para elas

Estimular a participação de crianças em conversas pode ser até seis vezes mais efetivo do que ler para elas. O presente estudo, coordenado pelo Dr. Frederick Zimmerman, da Universidade da Califórnia, UCLA, publicado este mês no periódico Pediatrics, mostra que os pediatras recomendam para melhorar a capacidade de linguagem infantil a narração de eventos diários à criança. 
Foram avaliadas 275 famílias com crianças entre 2 meses e 4 anos, medindo a exposição dessas crianças a conversas de adultos com adultos, conversas de adultos com crianças e sua exposição à televisão. Foram feitos ajustes para variáveis socioeconômicas. As crianças foram submetidas a um teste de linguagem para saber como se comunicavam.
As crianças expostas a conversações tiveram um desempenho seis vezes melhor que as outras. Elas tinham um vocabulário mais rico e cometiam menos erros – possivelmente porque as conversas davam a chance dos adultos corrigirem erros gramaticais comuns da infância. Aquelas crianças que principalmente ouviam histórias ou conversas de adultos sem que participassem delas apresentaram certo progresso, mas descrito como "frágil".
Aquelas que assistiam mais televisão não mostraram desenvolvimento, mas, diferente do que se pensa, também não mostraram efeitos negativos na linguagem. Os especialistas esclarecem que não basta apenas conversar com as crianças, é importante engajá-las na conversa e estimulá-las a participar com seus comentários.



A cada dia uma criança escuta cerca de 13 mil palavras faladas por adultos e participa de cerca de 400 conversas com adultos. Quanto mais conversa, mais oportunidades para correções que ajudam no aprendizado e no uso de novas palavras, ampliando o vocabulário.Fonte: Agência de Saúde Mental .
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Detectando Problemas Emocionais na Infância e Adolescência
Os pais podem não perceber, não reconhecer ou não aceitar problemas emocionais em seus filhos, o que retardaria a atenção ao problema. Quanto aos educadores, muitas vezes são eles os primeiros a observar os sintomas iniciais de um problema psiquiátrico na infância e adolescência.

Essa facilidade deve-se, entre outras razões, ao fato de poderem ter uma crítica mais desapaixonada do problema, sem o envolvimento afetivo que os pais têm para com seus filhos. Além disso, estando preparados, os educadores são as pessoas mais adeqüadas para orientar os pais sobre um possível transtorno dessa natureza.

Sinais e Sintomas.
Entre os sinais que a criança pode manifestar em eventual transtorno psíquico, figura o isolamento ou prejuízo no relacionamento com outras crianças de sua idade, tanto no âmbito escolar como social, tal como o retraimento e a falta de comunicação. Outro sintoma a ser levado em conta seria uma ruptura brusca na evolução e desenvolvimento normais da criança ou adolescente.

Se a criança ou adolescente que até há pouco tempo vinha mantendo um comportamento melhor ajustado, com rendimento escolar aceitável e que, de repente, modifica seu comportamento e rendimento escolar, algo pode estar acontecendo na esfera psíquica.

Em crianças e adolescentes os transtornos mais comuns são aqueles relativos a depressão, transtornos de aprendizagem, déficit de atenção e hiperatividade, transtornos de comportamento, de ansiedade, doenças psicossomáticas, problemas de personalidade e, menos freqüentemente, o autismo e a esquizofrenia.

A incidência desses transtornos psiquiátricos nas crianças e adolescentes varia com a idade, com o sexo e o nivel socio-econômico. A depressão, por exemplo, embora seja comum em qualquer didade e nos dois sexos, tem sintomas diferentes; nos meninos pode manifestar-se como rebeldia, agressividade e irritabilidade, nas meninas com isolamento, fobias e ansiedade.


Depressão Infantil - Tratar Sempre
Só recentemente tem sido enfática a evidência científica de que a Depressão Infantil existe de fato, e que mesmo crianças muito novas podem ser afetadas.

Aproximadamente 5 por cento das crianças e adolescentes têm algum tipo de sintoma depressivo. Muitos desses jovens pacientes necessitam atenção especializada mas, infelizmente, a maioria das pessoas acredita que apenas os adultos podem ser acometidos de depressão.

Os sintomas do Depressão nas crianças diferem dos sintomas depressivos nos adultos, e algumas crianças rotuladas como "criadoras-de-problemas" podem, na realidade, estar sofrendo de Depressão.

Alguns dos sinais de advertência para aDepressão Infantil podem ser a tristeza persistente, hiperatividade (atividade aumentada), irritabilidade, queixas freqüentes de dores, baixo desempenho e ausências freqüentes na escola, baixa energia persistente, concentração deficiente, mudanças do apetite e do sono.

Algumas crianças são pressionadas para não mostrarem sinais externos de emoção, sensibilidade, angústia ou tristeza mas, mesmo não demonstrando tais sentimentos, elas podem desenvolver comportamentos correspondentes ao humor deprimido, tais como, passar muito tempo sozinhas, falar da morte ou suicide, rebeldia, agressividade, apatia e desinteresse geral, podem recorrer ao abuso da drogas e substâncias.

Depressão na Infância é muito mais comum do que se pensa. Suas manifestações peculiares e muitas vêzes atípicas dissimulam essa importante patologia afetiva na criança. Algumas causas para a Depressão nas crianças incluem o estresse, abusos sexuais, perdas importantes, mudanças de cidade, bairro ou escola, e outros estressores variados, entretanto, na maioria das vezes o problema costuma ser decorrente de uma predisposição de temperamento à sensibilidade emocional exagerada.

É também importante, sabermos reconhecer que o peso das vivências nas crianças não é o mesmo que nos adultos, e um estressor considerado trivial pela maioria dos adultos pode ser de primordial importância para o adolescente ou para a criança.

Felizmente o tratamento da Depressãoem crianças costuma ser bem sucedido, até melhor que nos adultos, desde que diagnosticada precocemente.

O tratamento psicofarmacológico da Depressão Infantil não é diferente daquele empregado nos adultos. Há uma tendência médica, tão cautelosa quanto desinformada, em recomendar subdosagens de Antidepressivos Tricíclicos para crianças e, com isso, proporcionar sucessivos fracassos terapêuticos.

A partir dos 8 anos de idade o paciente suporta muito bem uma dose deAntidepressivos Tricíclicos que pode chegar a 125 mg/dia. Nossa preferência recai na Imipramina (Tofranil®) e naMaprotilina (Ludiomil®) para crianças. Em alguns pacientes a Imipramina pode determinar anorexia (altamente preocupante para as mães), fato que não acontece com a Maprotilina. Normalmente este tratamento deve se prolongar por tempo bastante longo, avaliando-se periodicamente cada caso.

Por considerarmos tais pacientes pertencentes a um grupo de risco para transtornos afetivos futuros, sempre que possível recomendamos um acompanhamento psiquiátrico por longo tempo, motivados por um procedimento preventivo.

Em depressões menos severas, principalmente se forem reativas à eventos traumáticos, os Inibidores Seletivos da Recaptação da Serotonina, principalmente a Fluoxetina (Prozac®) e a Paroxetina (Aropax®) podem ser utilizadas nas doses terapêuticas recomendadas, em média 20 mg/dia.
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