FILME EU ME IMPORTO - SOCIOPATIA - VISÃO PSICOTERAPÊUTICA

 


RESUMO: No filme “Eu Me Importo”, dirigido por J. Blakeson, Marla Grayson é uma renomada guardiã legal de idosos ricos.  Ela é responsável por cuidar dos bens, internação e de praticamente toda a vida da pessoa após a comprovação de invalidez que ela consegue na justiça em prejuízo as suas vítimas. Porém, com sua última vítima que acredita ser perfeita para lhe dar enfim uma vida muito confortável vai encontrar muitas dificuldades, ao descobrir que a mesma guarda segredos perigosos e isso pode acabar com todo o esquema de golpes engendrados por ela e sua companheira Fran, com a cooperação de uma médica e um gerente do asilo.

Como sempre lembrando, me perdoem pelos spoliers, pois é inevitável para a visão psicoterapêutica. Porém nesse caso é para incentivar mais ainda quem não assistiu, tendo uma oportunidade de assistir prestando atenção às abordagens aqui comentadas.

Segundo o diretor J. Blakeson (blaiquisan), o filme Eu me importo é uma comédia, que apesar dos personagens serem fictícios, é baseado em notícias reais de jornais na mídia americana. Ele diz: "Tudo começou quando eu vi notícias sobre cuidadores predatórios na vida real que manipulam o sistema e exploram seus protegidos. E eu fiquei horrorizado. Imagine abrir a sua porta um dia e encontrar uma pessoa parada segurando um pedaço de papel que lhe dá total poder legal sobre você. Essa ideia me apavorou ​​- e parecia muito relevante em nosso momento atual. Ele se conectou a temas que estou interessado em explorar - temas sobre o poder da autoridade, sobre pessoas x lucro, controle x liberdade, humanidade x burocracia".

Então, como já disse e vocês já sabem, estou sempre a comentar os filmes e séries numa visão psicoterapêutica, fazendo uma analogia com a vida real, principalmente sobre os comportamentos e emoções dos personagens.


O que espanta nesse filme é a naturalidade que a quadrilha trata do esquema criminoso como se suas vítimas fossem apenas mercadorias e não idosos que provavelmente trabalharam uma vida toda, para desfrutar na velhice, e vê seus bens e direitos sendo usurpados, assim como sua saúde mental, sem qualquer chance de defesa, e o que é pior sustentado pela justiça.  A ficção e atualidade parecem de alguma forma estarem em sintonia, pois em tempos atuais e de pandemia, sem pretensão alguma de entrar na área política, parece que como cidadãos estamos também de alguma forma cerceados de alguns direitos adquiridos, que por isso só já nos causam grande desconforto, imagine uma situação desta do filme acontecendo com você ou um familiar?

Assim entramos no tema: SOCIOPATIA

Em “Eu me importo”, vemos esse transtorno de personalidade antissocial em Marla a protagonista, que provavelmente domina Fran, sua companheira, a médica e o responsável pelo asilo. No filme, quando mencionada sobre sua mãe, ela chega dizer, eu não me importo com aquela sociopata, demonstrando raiva e desprezo pela mãe e seu comportamento. Sem que perceba, ou não, Marla desenvolve o mesmo tipo de personalidade que julga na mãe. 

Marla Grayson

Marla é uma pessoa que não sente remorso nenhum por prejudicar os idosos e sua família, não se importa com os sentimentos deles. Incapaz de usar de empatia, de se colocar no lugar do outro, mente de forma fria e calculista, se acha no direito do que faz, porque é manipuladora audaz e consegue o que quer na justiça, se sentindo superior a tudo e a todos. Não se sente intimida. Tudo é somente para seu benefício.  

Se enquanto eu falo isso, você pensa em alguma pessoa com esses comportamentos, fique atenta, pois possa ser que você pode estar próxima de uma pessoa sociopata.

Nós crescemos ouvindo comentários sobre algumas pessoas tipo: “– É o jeito dele!” “-Deixa ela, é ruim mesmo!” “- Ela sempre foi assim, não muda não!”“ – Isso aí não tem jeito é ruim mesmo.” Porém, com o avanço dos estudos mentais e psicológicos descobrimos que não é “o jeito da pessoa” é doença mental e deve ser tratada, pois tende adoecer de forma a todos que convive com pessoas psicóticas.

Tenho recebido muitos clientes abalados em suas estruturas emocionais e mentais, por serem filhos de pais presumidamente, e jamais diagnosticados como sociopatas e até psicopatas, isso pela ignorância e pelo preconceito ainda muito forte ligado a doenças mentais.


Com a técnica da Regressão de memória, voltamos à infância, que esta muito presente em suas vidas causando transtornos e sofrimentos. Trabalhamos a ressignificação do convívio doentio e traumático para que esses filhos possam compreender ou perdoar e se libertarem de suas angustias.

Se caso percebemos traços do transtorno nos clientes, orientamos também o acompanhamento psiquiátrico, para que os mesmos sejam atendidos evitando assim repetir os padrões dos pais.

 

E como identificar se uma pessoa é sociopata ou se é o “jeito dela”?

Observar se são pessoas que agem como Marla, e como alguns vilões de filmes, séries e novelas.  Se forem pessoas que desde muito cedo quebram regras, carregam raiva, tem comportamentos hostis, humor agitado, com tendência a violência e sem remorsos algum. Podem ser também irresponsáveis e explosivos. Normalmente são pessoas vaidosas, se acham superiores aos demais e são egocêntricas. Manipuladoras lançam mão de beleza, charme e carinho, se fingindo também de vítimas, chantageando de forma emocional, tudo para conseguirem o que querem, sem nenhum escrúpulo ou culpa. São incapazes de sentir empatia.  

Enfim, o sociopata possui uma condição mental caracterizada pelo desprezo ou desrespeito às pessoas e normas sociais.

 Segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) não consta uma definição exata para a sociopatia ou, por isso, o termo também pode ser sinônimo de psicopatia. No manual tanto a sociopatia como a psicopatia é considerado como Transtorno de personalidade antissocial. Porém, na psicopatia os sintomas são mais agravados do que na sociopatia, pois o sociopata desenvolve algum tipo de sentimento por alguém, diferente do psicopata, que não se envolve emocionalmente com as pessoas, pois não reage as emoções.  Num exame de reação cerebral as emoções no psicopata não tem nenhuma alteração.

 

O que fazer se estiver diante de uma pessoa com a maioria dessas características?

O melhor caminho é o conhecimento e a orientação, busque ajuda profissional, porque o convívio com pessoas que tem esses transtornos provocam muitos sofrimentos ao redor, principalmente a familiares, amigos e colegas de trabalho.

Sabe-se que 3% da população mundial são acometidos pela Sociopatia ou Transtornos de personalidade antissocial, manifestada em número superior em sexo masculino.

A sociopatia pode ser evitada?

No filme como disse anteriormente, Marla acusa a mãe de ser sociopata, e aparentemente não apresenta nenhum sentimento caso a mãe venha a sofrer violência.  Pela mãe assim como pelas pessoas a seu redor se mostra indiferente em relação a sentimentos, demonstrando atenção e carinho apenas para a companheira Fran.

Sabe-se que os transtornos de sociopatia são associados a fatores genéticos, assim como a condições de vulnerabilidade na fase infantil. Muitos sociopatas adultos sofreram violências na infância, seja verbal, psicológica e física, convivendo num ambiente tóxico e desequilibrado. Como provavelmente também foi o ambiente na infância de Marla.

Observar crianças que sente prazer ao maltratar um animal, mente exageradamente por diversão e interesse. Age de forma maldosa com os irmãos.  O auxílio de um profissional já se faz necessário, começando o tratamento prematuramente, pode ter bons resultados no controle do transtorno. Apesar de o diagnóstico da sociopatias só poder ser feito apenas a partir dos 18 anos, caso tenha características que apontam para o transtorno, será diagnosticado nessa fase (infância e adolescência) como transtorno de conduta.

Portanto, se faz necessário educar as crianças em ambientes saudáveis, estáveis e equilibrados. Isso já é uma forma de prevenção. Contudo, não exclui totalmente a possibilidade de que mais tarde o jovem possa apresentar o transtorno, porquanto da influência genética.

Gostaria de indicar também a mini série em seis capítulos “Por Trás de Seus olhos”. Tem ligação com o tema por conta de doenças mentais e é uma série que vale a pena ser assistida. Gostei muito, super indico!

Assistam ao vídeo aqui: 



Vanderli Aparecida Pantolfi da Costa é Palestrante, Psicanalista
Saiba o que é: Terapia online

                                     

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