RESUMO: No filme “Eu Me
Importo”, dirigido por J. Blakeson, Marla Grayson é uma renomada guardiã legal de
idosos ricos. Ela é responsável por
cuidar dos bens, internação e de praticamente toda a vida da pessoa após a
comprovação de invalidez que ela consegue na justiça em prejuízo as suas
vítimas. Porém, com sua última vítima que acredita ser perfeita para lhe dar
enfim uma vida muito confortável vai encontrar muitas dificuldades, ao
descobrir que a mesma guarda segredos perigosos e isso pode acabar com todo o
esquema de golpes engendrados por ela e sua companheira Fran, com a cooperação
de uma médica e um gerente do asilo.
Como sempre lembrando, me
perdoem pelos spoliers, pois é inevitável para a visão psicoterapêutica. Porém
nesse caso é para incentivar mais ainda quem não assistiu, tendo uma
oportunidade de assistir prestando atenção às abordagens aqui comentadas.
Segundo
o diretor J. Blakeson (blaiquisan), o filme Eu me importo é uma comédia, que apesar
dos personagens serem fictícios, é baseado em notícias reais de jornais na
mídia americana. Ele diz: "Tudo começou quando eu vi notícias sobre cuidadores predatórios na
vida real que manipulam o sistema e exploram seus protegidos. E eu fiquei horrorizado.
Imagine abrir a sua porta um dia e encontrar uma pessoa parada segurando um
pedaço de papel que lhe dá total poder legal sobre você. Essa ideia me apavorou
- e parecia muito relevante em nosso momento atual. Ele se conectou a temas
que estou interessado em explorar - temas sobre o poder da autoridade, sobre
pessoas x lucro, controle x liberdade, humanidade x burocracia".
Então,
como já disse e vocês já sabem, estou sempre a comentar os filmes e séries numa
visão psicoterapêutica, fazendo uma analogia com a vida real, principalmente
sobre os comportamentos e emoções dos personagens.
Assim
entramos no tema: SOCIOPATIA
Em “Eu me importo”, vemos esse transtorno de personalidade antissocial em Marla a protagonista, que provavelmente domina Fran, sua companheira, a médica e o responsável pelo asilo. No filme, quando mencionada sobre sua mãe, ela chega dizer, eu não me importo com aquela sociopata, demonstrando raiva e desprezo pela mãe e seu comportamento. Sem que perceba, ou não, Marla desenvolve o mesmo tipo de personalidade que julga na mãe.
Marla Grayson |
Marla
é uma pessoa que não sente remorso nenhum por prejudicar os idosos e sua
família, não se importa com os sentimentos deles. Incapaz de usar de empatia,
de se colocar no lugar do outro, mente de forma fria e calculista, se acha no
direito do que faz, porque é manipuladora audaz e consegue o que quer na
justiça, se sentindo superior a tudo e a todos. Não se sente intimida. Tudo é
somente para seu benefício.
Se
enquanto eu falo isso, você pensa em alguma pessoa com esses comportamentos, fique
atenta, pois possa ser que você pode estar próxima de uma pessoa sociopata.
Nós
crescemos ouvindo comentários sobre algumas pessoas tipo: “– É o jeito dele!” “-Deixa
ela, é ruim mesmo!” “- Ela sempre foi assim, não muda não!”“ – Isso aí não tem
jeito é ruim mesmo.” Porém, com o avanço dos estudos mentais e psicológicos descobrimos
que não é “o jeito da pessoa” é doença mental e deve ser tratada, pois tende
adoecer de forma a todos que convive com pessoas psicóticas.
Tenho
recebido muitos clientes abalados em suas estruturas emocionais e mentais, por
serem filhos de pais presumidamente, e jamais diagnosticados como sociopatas e
até psicopatas, isso pela ignorância e pelo preconceito ainda muito forte
ligado a doenças mentais.
Com a
técnica da Regressão de memória, voltamos à infância, que esta muito presente
em suas vidas causando transtornos e sofrimentos. Trabalhamos a ressignificação
do convívio doentio e traumático para que esses filhos possam compreender ou
perdoar e se libertarem de suas angustias.
Se caso
percebemos traços do transtorno nos clientes, orientamos também o
acompanhamento psiquiátrico, para que os mesmos sejam atendidos evitando assim
repetir os padrões dos pais.
E como identificar se uma
pessoa é sociopata ou se é o “jeito dela”?
Observar
se são pessoas que agem como Marla, e como alguns vilões de filmes, séries e
novelas. Se forem pessoas que desde
muito cedo quebram regras, carregam raiva, tem comportamentos hostis, humor
agitado, com tendência a violência e sem remorsos algum. Podem ser também
irresponsáveis e explosivos. Normalmente são pessoas vaidosas, se acham
superiores aos demais e são egocêntricas. Manipuladoras lançam mão de beleza,
charme e carinho, se fingindo também de vítimas, chantageando de forma
emocional, tudo para conseguirem o que querem, sem nenhum escrúpulo ou culpa.
São incapazes de sentir empatia.
Enfim,
o sociopata possui uma condição mental caracterizada pelo desprezo ou
desrespeito às pessoas e normas sociais.
Segundo o DSM-5 (Manual de Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais) não consta uma definição exata para a sociopatia ou, por
isso, o termo também pode ser sinônimo de psicopatia. No manual tanto a sociopatia
como a psicopatia é considerado como Transtorno de personalidade antissocial. Porém,
na psicopatia os sintomas são mais agravados do que na sociopatia, pois o
sociopata desenvolve algum tipo de sentimento por alguém, diferente do
psicopata, que não se envolve emocionalmente com as pessoas, pois não reage as
emoções. Num exame de reação cerebral as
emoções no psicopata não tem nenhuma alteração.
O que fazer se estiver diante
de uma pessoa com a maioria dessas características?
O
melhor caminho é o conhecimento e a orientação, busque ajuda profissional,
porque o convívio com pessoas que tem esses transtornos provocam muitos
sofrimentos ao redor, principalmente a familiares, amigos e colegas de
trabalho.
Sabe-se
que 3% da população mundial são acometidos pela Sociopatia ou Transtornos de
personalidade antissocial, manifestada em número superior em sexo masculino.
A sociopatia pode ser evitada?
No
filme como disse anteriormente, Marla acusa a mãe de ser sociopata, e
aparentemente não apresenta nenhum sentimento caso a mãe venha a sofrer
violência. Pela mãe assim como pelas
pessoas a seu redor se mostra indiferente em relação a sentimentos,
demonstrando atenção e carinho apenas para a companheira Fran.
Sabe-se
que os transtornos de sociopatia são associados a fatores genéticos, assim como
a condições de vulnerabilidade na fase infantil. Muitos sociopatas adultos
sofreram violências na infância, seja verbal, psicológica e física, convivendo
num ambiente tóxico e desequilibrado. Como provavelmente também foi o ambiente
na infância de Marla.
Observar
crianças que sente prazer ao maltratar um animal, mente exageradamente por
diversão e interesse. Age de forma maldosa com os irmãos. O auxílio de um profissional já se faz
necessário, começando o tratamento prematuramente, pode ter bons resultados no
controle do transtorno. Apesar de o diagnóstico da sociopatias só poder ser
feito apenas a partir dos 18 anos, caso tenha características que apontam para
o transtorno, será diagnosticado nessa fase (infância e adolescência) como
transtorno de conduta.
Portanto,
se faz necessário educar as crianças em ambientes saudáveis, estáveis e
equilibrados. Isso já é uma forma de prevenção. Contudo, não exclui totalmente
a possibilidade de que mais tarde o jovem possa apresentar o transtorno,
porquanto da influência genética.
Gostaria
de indicar também a mini série em seis capítulos “Por Trás de Seus olhos”. Tem
ligação com o tema por conta de doenças mentais e é uma série que vale a pena
ser assistida. Gostei muito, super indico!
Assistam ao vídeo aqui:
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