Por: Vanderli Pantolfi
Eu amo filmes e séries, e assistindo encontrei uma
forma de dividir com vocês minha visão psicoterapêutica do enredo, sempre com o
objetivo de esclarecer aos relacionamentos e compreender os comportamentos dos
personagens; Trazendo para vida real como entendimento de vida, liberação de
conflitos para cada qual encontrar o seu caminho da felicidade.
NO PROJETO FILMETERAPIA: hoje vamos falar do filme FILME LOUCURA DE AMOR
Vamos ao RESUMO DO FILME: A trama do filme Loucura de Amor começa com uma noite muito agitada entre Carla (Susana Abaitua) e Adri (Álvaro Cervantes), duas pessoas que levam vidas completamente diferentes, mas que tem os seus caminhos cruzados em uma ocasião que acaba resultando em uma noite bem agitada e de sexo muito intensa.Eles
se prometem nunca mais se verem novamente.
Para Carla funcionou muito bem, mas para
Adri não. Então ele descobre que ela
esta internada num hospital psiquiátrico e para revê-la entende que o único
jeito é se internar também. Mas já no início, percebe que sair de lá não vai ser
tão fácil quanto ele esperava e então começa o convívio com os internados.
Na minha visão
psicoterapêutica, LOUCURA DE AMOR, não é somente uma comédia romântica, mas de
forma descontraída vem prestar um serviço a todos nós e aos doentes mentais
numa forma de quebrar o preconceito através da oportunidade do convívio,
entendendo e compreendendo a realidade dessas pessoas que sofrem com essas
doenças mentais. Porém, hoje Vamos focar
mais nos diálogos entre os personagens e
não nas doenças, para que possamos entender suas emoções, dificuldades e como
convivem com esses transtornos.
Iniciamos
com Adri que é jornalista que num encontro casual se apaixonou por Carla,
que sofre de transtorno Bipolar, e estava em plena fase de mania. Como já
dissemos, ele se interna no, hospital para rever Carla e quando a encontra
entre outras coisas ele diz:
“Quem é doente da cabeça
aqui é essa galera. Por que você está aqui, você é normal!”
“Você já viu essas
pessoas parece que estamos no filme de monstros, aberrações!”
Logo quando ele se interna, ele deve fazer um artigo para a revista que trabalha, sobre pena de ser despedido, então ele começa a escrever a matéria com sua primeira visão do hospital:
“Onde as pessoas descartam os lixos da sociedade? A resposta vai te surpreender – falado sobre a loucura, chegando chamou Martha, uma paciente de “a garota do exorcista.”
Preconceito – Vemos em Adri a maioria de todos nós que julgamos os doentes mentais por sermos ignorantes de suas realidades. Já contei em alguma live, que eu quando era adolescente, fui fazer uma trabalho de assistência espiritual num hospital psiquiátrico, e estava sentada na recepção, aguardando o momento para iniciarmos, quando uma jovem doente mental, paciente do hospital, abriu a porta, veio e se deitou no meu colo. Assustei-me e levantei com medo. Ela tinha os cabelos banhados em gel. Não sabia na época que ela só queria atenção e carinho. A minha ignorância fez com que sentisse medo, e dessa forma me afastei como se ela realmente fosse uma monstro como disse Adri. Por isso não o condeno, ele é tão ignorante no seu primeiro contato com doentes mentais, quanto eu era, e, afinal nosso Mestre já diz: “Não julguei para não seres julgados, porque da mesma forma que julgueis será julgados!” A gente não sabe a dor do outro, então melhor não julgar.
Saul o companheiro de quarto de Adri, que tem também um transtorno mental
Adri pergunta para Saul: Porque
quer me ajudar?
Saul: “Fico feliz em te ajudar e acha que é uma ótima idéia!”
Que grandeza nessa frase, o prazer de te ajudar! Nunca esperamos isso de uma pessoa que achamos que é “louca”, simplesmente porque a julgamos e achamos que são incapazes de conviver conosco. Na verdade, raramente ouvimos isso de uma pessoa considerada normal!
Em outro momento Adri diz a Saul: “Saul você é louco!” e ele diz: “Por que todo mundo faz essa cara, cara de Saul você é louco, você não pode ser pai.
Quem pode? Quem pode?
Você tem filhos? “ Pergunta a Adri, ele diz que não.
É isso, julgamos e condenamos doentes mentais por serem pais, como se eles não tivessem direito, das muitas vezes eles amam e dão muito mais carinho que outros considerados normais. Lembro-me, do filme Milagre da cela 7, onde Memo o pai com deficiência mental cuida com muito amor da filha Ova, você assistiu? Tenho vídeo dessa abordagem no meu canal no Youtube Vanderli Pantolfi e a matéria no meu blog Vanderli pantolfi psicanalista para quem tiver interesse. Claro que muitos desses doentes mentais que não são diagnosticados, que não se entendem doentes e que não são tratados podem sim provocar dificuldades pra seus filhos, porém o caso de Saúl, como de muitos outros doentes mentais, é diferente, ele esta em tratamento e ele tem ciência de sua doença. Afinal se Deus assim o quis quem somos nós a julgar?
Saul é proibido de ver a filha, porque acham que ele pode ser um perigo para a filha.
Então Carla e Adri ajudam Saúl.
Adri diz que é para ele
parar de agir assim feito louco, e se aparecesse assim em desespero perderia a
filha e com razão.
E Carla diz para Adri: “Contrariando
ele você não vai chegar a lugar algum!”
Então ela diz para Saúl, você tem que se acalmar, eu sei que você tem que fazer alguma coisa, eu sei. “Você tem que explodir extravasar a sua raiva”. Mas, essa não é a solução. Você não vai querer acordar a manhã e descobrir que acabou com a vida de quem você ama.”
Olha o que o filme nos mostra, como um doente mental compreende a dor do outro. Não adianta exigir do doente o que ele não pode dar, nós que somos considerados normais que devemos entrar na sua dificuldade e falar a língua deles. Para que eles possam sentir apoiados e seguros, se entregando ao auxílio. Vemos hoje muitas famílias sofrendo com familiares que apresentam demência e ou Alzheimer querendo que eles reajam de forma normal, como eram sempre, esquecendo que já não são mais capazes de responderem dessa forma. Então o melhor a fazer além do apoio e amor é usar de compreensão, esclarecimento e entender a doença e se necessário buscar ajuda profissional para saber como o fazer.
Diálogo de Carla com os pais:
O pai reclama que Carla estourou
o cartão de crédito dele. Ela se lamenta pelos pais terem uma filha louca.
A mãe diz: Pare com isso,
logo você vai se curar.
Carla diz: Não mãe eu não
vou me curar!
A mãe diz: se você se esforçasse
mais, quem sabe! Por exemplo, quando eu estou triste vejo um filme de comédia. Carla
então pede para parar e diz que sente muito.
Continuando o que dizíamos acima, a desinformação sobre as doenças mentais cria atitudes equivocadas da família, a mãe de Carla não entende que não é por força de vontade que ela não se cura, ela não se cura, porque, a sua doença ainda não tem cura, é um problema de quebra de estrutura mental, mas pode ser controlada, desde que faça o tratamento tome os medicamentos e tenha acompanhamento psicoterapêutico. Lembrei do filme Mente Brilhante, o quanto o personagem lutou para manter-se equilibrado convivendo com a doença, ele jamais se curou, mas aprendeu a viver com a doença, o que não é nada fácil. Por isso, é necessário o esclarecimento, se informar. Aqui nesse meu humilde projeto procuro fazer isso, não sou especialista em doenças mentais, mas procuro orientar com amor, pode ter certeza disso!
Diálogo de Adri com Carla – Transtorno bipolar –
Transtorno maníaco depressivo
Não vou comentar aqui sobre a bipolaridade, já
comentamos bastante em Spin out. Assistam aqui no canal do youtube, no IGTV ou
vídeos do Facebook série FILMEterapia.
Mas vamos entender o transtorno na fala de Carla
O que você tem? Ela diz: Transtorno Bipolar tipo 1
“É mais de temporadas,
tenho épocas depressivas e outras eufóricas”
Nos episódios de euforia
você não pensa nas consequências você só age!
No dia seguinte você
acorda num campo de batalha.
“Você estourou a bomba e
todos te odeiam por isso”
Adri pergunta: e nos momentos depressivos como
são?
Ela diz: “Você sabe que tem doenças que matam nesse caso quem quer morrer é você.”
“Você não imagina como é duro conviver com alguém que não controla os sentimentos.”
Então Adri fez Carla a confiar em sua capacidade:
Você pode aprender a
controlar!
Eu tenho a certeza que
você consegue!
O cérebro é uma máquina
fantástica. A vontade de se recuperar é
mais poderosa de qualquer remédio, já esta comprovado!
Você é incrível!
Vemos a dificuldade da própria pessoa em conviver com a doença em situações extremas e tão intensas, hora euforia, hora depressão. Ela tem razão em dizer que o convívio não é fácil, e não mesmo desde que as pessoas que estejam à volta, entendam como isso tudo funciona. É necessário que tanto o doente mental quanto a família tenha o acompanhamento psicoterapêutico para aprender a conviver com a doença.
Adri fez Carla acreditar que podia vencer a doença então ela para de tomar os remédios, porque acreditou nele, e teve conseqüências, e ele não falou por mal, era o que ele acreditava, mas não pode ser feito assim, e ele entendeu isso.
Carla
disse: “Você me disse Adri, você me disse que eu era capaz, você disse!
O transtorno bipolar é
uma doença que precisa de medicação como tantas outras que não são mentais,
como diabetes, pressão alta, problemas do coração, etc. Temos que ter muito
cuidado no trato e o que dissermos para as pessoas que sofrem desses
transtornos.
Outra doença que aparece no filme é o TOC – TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO do personagem Vitor que faz par romântico com Marta. Ele sente a necessidade de lavar as mãos o tempo todo.
Diálogo de Adri com Marta
Marta tem a - Síndrome de tourette, que
é um transtorno caracterizado por tiques motores ou vocais variados. Eles variam
de uma semana para a outra, ou se modificam ao longo dos meses. Sendo assim, é
quase impossível prever quais tiques aparecerão em seguida. As pessoas com
Tourette relatam ser praticamente impossível resistir à vontade de falar ou
expressar esses tiques, mesmo que sejam inapropriados. O estresse de se manter
em silêncio ou imóvel tende a piorar a condição e manifestar tiques mais
intensos. Por conta disso, pessoas com Tourette têm dificuldade para controlar
seus impulsos. O transtorno normalmente aparece na infância, entre os quatro a
seis anos. Ele alcança o seu pico de gravidade por volta dos 10 a 12 anos e
diminui na adolescência. Os tiques apenas persistem até a idade adulta em 1%
das pessoas.
Adri diz a ela: eu li que quem
tem essa síndrome pode ter uma vida normal.
Ela então responde: “Não é fácil viver no
mundo lá fora com as pessoas rindo de você o tempo todo e te julgando pelos seus tiques! Passei 3 meses
de minha vida na cama e tive muito medo de sair pra rua. Ela foi diagnosticada
com depressão, por conta disso.
Mais
uma vez aqui, o preconceito motivado pela ignorância do que são as doenças
mentais. Vemos uma pessoa que pode ter uma vida normal se internar no hospital
por medo de julgamentos. É triste isso e
pergunto e se fosse você, eu, nós? Vamos nos esclarecer, afinal como já disse
acima, os casos estão aumentando muito, e temos que aprender a lidar com isso.
E para finalizar o diálogo de Adri com a Diretora
do hospital:
A diretora diz: “Adri sabe por que sou tão rígida quem entra
aqui?”
Pra evitar que apareça uns idiotas como eu? Diz
Adri.
“Porque a maioria vai
querer ajudar quem ama e acha que sabem o que esta fazendo.”
“As famílias trazem seus
familiares aqui e acham que eles vão se curar, mas, não!”
“Aqui nos ajudamos a cada
um a viver com o que tem se aceitar. E isso é um processo demorado. Nos os
ensinamos a não fingir que estão bem pra agradar os outros, pessoas como você.”
“A parte mais difícil de ter um transtorno mental é
que querem que você se comporte como se não tivesse nada.”
Atriz Susana Abaitua que representa Carla disse: “Algo acontece com doenças mentais, que sempre generalizamos e há muitos tipos dentro de cada doença”
ASSISTA AO VÍDEO DESSA MATÉRIA AQUI AO VIVO:
Quem tem me acompanhado sabe que estamos no terceiro filme consecutivo falando de doenças mentais. Começamos com a série “SPNI OUT” sobre a Bipolaridade, “EU ME IMPORTO” com a sociopatia e hoje com “LOUCURAS DE AMOR” sobre transtorno bipolar, Síndrome de Tourette, TOC e outros transtornos de personalidade. Por que isso? Primeiro porque esses filmes tem sido destaques de lançamentos da Netflix e segundo porque os transtornos mentais tem estourado no mundo por conta da pandemia, e teve um aumento de 100% de suicídio entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos, sabendo-se que os transtornos mentais são causas também de suicídio é importante a prevenção e conhecimento. A situação é bem crítica, segundo Augusto Cury, a cada 40 segundos alguém morre por suicídio no mundo, a cada 4 segundos tem a atitude, 1 em cada 10 tenta o suicídio e provavelmente a cada 1 segundo alguém pensa em suicídio.
Então todo conhecimento é importante para esclarecer e ajudar.
Recomendo esse site para ajudar as pessoas que tenham transtornos mentais e as que pensam em suicídio:
https://www.voceeinsubstituivel.com.br/ - Augusto –Cury
4 vídeos que vão ajudar muito:
1. UM NOVO CAPÍTULO NA SUA HISTÓRIA
2. REIDITANDO MEMORIAS TRAUMÁTICAS
3. BULLYNG E PRECONCEITO
4. MOMENTO DE RECOMEÇAR.
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