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Tempos de Quarentena





Por Virgínia Leão

Qual a nossa dificuldade em enfrentar a quarentena? Alguns diriam o medo eminente da morte, outros diriam a incerteza do amanhã, talvez a solidão, e tantas outras respostas poderiam aqui ser enumeradas.

Encontrei em René Descartes uma frase que, ao meu ver, reflete nossas inquietações diante das circunstâncias atuais. Ele escreveu: “Quando gastamos tempo demais a viajar, tornamo-nos estrangeiros no nosso próprio país”. O que esse pensamento tem a ver com o momento em que estamos atravessando? Vamos descobrir.

Pois bem! Até a chegada do Covid-19 estivemos “viajando” faz algum tempo para fora de nós mesmos, como quem foge de casa, nossa casa interna, nosso mundo íntimo. Vivíamos fazendo muitas conexões, escalas, numa incessante organização e reorganização de nossas malas. Viajamos em busca do belo, da perfeição, da configuração daquilo que nos complete, nos realize; cada novo embarque,a procura por uma plateia que nos aplauda, que nos aprove.

Inesperadamente, chega um novo tempo em que temos que nos distanciar do convívio social, nos isolar, nos confinar. E aí descobrimos que não nos reconhecemos fora do translado das “viagens”, de idas e vindas, do fazer e desfazer malas. Somos “estrangeiro no próprio país”. E vem a pergunta: Como me tornei estrangeiro de mim mesmo? Como retornar à minha pátria interna sem danos?

Somos uma construção constante, no qual demandas diárias da vida, fatores externos, influenciam nessa construção do ser: família, diversão, passeios, visitas a amigos, preocupações com boletos a pagar, trabalho em demasia. Ocultamos nossas verdades para nos constituir naquele que precisa se adequar ao mundo, e tiramos o nosso foco da alma humana que somos. Passamos então a olhar para fora, para o que o mundo espera de nós, ou seja, queremos ser aceitos.  E assim vamos nos distanciando, vamos escondendo de nós mesmos características próprias. Tornamo-nos então “estrangeiros” e vamos carregando nossa “mala” de viagem cada vez mais pesada, cheia de personas.

Esse é o nosso grande medo! Como desfazer a mala carregada de máscaras, conversar e conviver com esse desconhecido, esse estrangeiro que nos tornamos e que fala outra língua?


Precisamos fazer a viagem de volta. Um retorno que deve ser leve, consciente, corajoso e, acima de tudo, amoroso. É seguir a trilha do autoconhecimento – a maior aventura do ser humano. Sentir, sem temor, a distância e as irregularidades do trajeto ao empreender um mergulho para dentro de si mesmo; é vestir-se (ou seria desnudar-se?) de verdades que nos assombram e enfrenta-las como um desbravador de mistérios.

Autoconhecer-se é fazer o ego reconhecer o seu lugar! Ouvi essa frase em algum lugar e me marcou muito. Porque nesse processo de conhecer-se mudamos o nosso olhar que era para fora, para o mundo, para o reconhecimento do outro sobre mim, e passa agora a ser um olhar para dentro de si sem julgamentos; é reconhecer e aceitar a nossa verdadeira realidade, nossa sombra, lidar com tudo aquilo que rejeitamos, que negamos em nós.

Quando rejeito a minha sombra, minhas imperfeições, pela suposição de que preciso ser aceito – grande dilema da vida – surgem os transtornos psíquicos, o sofrimento se instala como um companheiro de viagem inesperado. 



Mas então o que fazer para reconquistar a cidadania do que existe verdadeiramente dentro de mim? Como conviver harmonicamente com minha sombra?

É necessário reconhecer e aceitar a nossa condição humana, não rejeitar nossa humanidade. Se reconheço minhas imperfeições, minhas fragilidades, não camuflo minhas emoções, elas começam a perder força pela consciência de quem se é. O que diferencia é que vamos deixar de negar o que existe em nós, perdemos o medo de lidar com essa energia. E vamos, progressivamente, nos transformando.

Aproveite a quarentena e faça uma boa viagem pra dentro de si!

Veja também a continuação: Tempos de Quarentena 2





Por: Virginia Leão

Psicanalista, Hipnoterapeuta e Terapeuta de Regressão.
@virginialeao_psi
contato: ginnaleao@gmail.com




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Comentários

  1. Texto maravilhoso!A autora consegue expressar em poucas palavras o perfil da nossa sociedade atual e sugerir uma tomada de consciência no sentido do encontro do que realmente é essencial e verdadeiro.

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  2. Maravilha! É isso mesmo. Obrigada por sua contribuição.

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  3. A autora Virgínia,conseguiu expressar claramente o que está acontecendo com o ser humano . Com uma linguagem clara e objetiva . Muito esclarecedor .

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