Acontecimentos da Infância Determinando Sofrimentos na Vida - Filme Pais e Filhas (Fathers & Daugthers) Netflix





Por Vanderli Pantolfi


Resumo:

No filme o enredo acontece em Nova York em dois momentos paralelos, em 1988 quando um pai escritor tenta criar a filha  de 5 anos sozinho após a morte da esposa num acidente de carro, e que lhe trouxe mazelas no corpo por conta disso. E 20 anos depois, em 2008 quando a filha já formada em psicologia tenta entender sua infância complicada ajudando crianças com problemas psicológicos.

 

Visão Psicoterapêutica

Pra quem não assistiu, não se preocupe, não tenho intenção de contar o filme, apenas destacar o que sempre tenho falado sobre as 3 fases originadoras de todos nossos conflitos, que são: gestação, nascimento e primeira infância.

 

E é dessa última que vamos abordar aqui.

Nessa fase, na primeira infância, pra criança os pais é Deus, porque são eles que a protegem, cuidam e alimentam. Se algo acontece de ruim, como brigas, abusos, violências, separação e mortes por exemplo, e se não for bem explicado para criança, provavelmente vai gerar conflitos no futuro dessa criança.

 

E no filme tudo que acontece com Kaite (Kaidê) não foi explicado a ela, mesmo porque seu pai não sabia que deveria fazer isso naquele momento, e ele já estava bastante ocupado tentando manter os dois, por conta das inúmeras dificuldades que ocorreram após o acidente, como a imposição dos tios de Katie em querer adotá-la já que eram muito ricos e poderosos, além de dificuldades financeiras e como disse as seqüelas no corpo de Jake.


Assim o filme mostra nos dois momentos as dificuldades do pai e as dificuldades de Kate e viver a sua vida carregada de conflitos e sofrimentos.

 


E por que carregada de conflitos e sofrimentos?

Bom, Agora chegamos ao que quero que você entenda:

1.     Como falei antes, porque não foi explicado a Katie o que estava acontecendo na sua infância. O pai escreveu um livro explicando tudo, mas a crença foi gravada no inconsciente lá na infância. Na minha experiência de clínica, nas regressões que fazemos principalmente na infância, vemos que as crianças sofrem porque não estão entendendo o que esta acontecendo ali nas relações com os pais, e quando esclarecemos a situação junto ao adulto de hoje, há a liberação dos conflitos, porque a criança entendeu. Bom, mas aí você vai me dizer, que hoje é o adulto que esta entendo, e eu digo que sim! Por conta da terapia! Mas, que como pais podemos prevenir que isso aconteça, conversando com a criança e explicando tudo que acontece usando a linguagem infantil, principalmente usando historinhas, não é assim que Jesus tem feito conosco, pois somos crianças ainda em níveis emocionais e espirituais, nos ensinando através de parábolas, que são histórias para explicar situações complexas? Assim a criança se sente segura do que esta acontecendo. Hoje cada vez mais especialistas em finanças nos aconselham a informar a criança desde cedo da situação financeira da família.

E se dentro de cada adulto tem uma criança, é claro que dentro de cada criança há um adulto, já que vivemos várias experiências.

 

2.     Por Katie não saber, ela se sentiu culpada. Como assim? Como disse antes, pra criança os pais é Deus, porque são eles que cuidam e a alimentam. Então se é Deus não erra, então quem errou foi ela. Se sentindo culpada da morte da mãe e de tudo que acontece após com o pai.

 

3.     Também entende que sofreu muito por viver essa relação, então começa a se boicotar para não ter que sofrer de novo com perdas, sem perceber que esse boicote, essa crença que esta em seu inconsciente a faz sofrer muito mais ainda, porque fica um vazio enorme dentro dela. Assim Katie desenvolve uma compulsão que a faz sofrer mais ainda, numa ânsia enorme e sem chances de preencher o vazio que ficou dentro de si.

 

Então agora você pode compreender de onde pode vir à compulsão por:

·       Comida – para preencher um vazio, para engordar seja para se proteger de tudo e de todos, seja para se punir por estar gorda;

·     Sexual – como forma de saciar um desejo insaciável, para se punir e afastar as pessoas que a amam;

·      Compras - para se sentirem amadas, e acabarem por se endividar num processo de punição;

·    Drogas - como forma de fugir da realidade tão sofrida e cruel, também para serempundias pelas pessoas que amam;

·        Álcool - mesma coisa das drogas;

·       Trabalho exagerado - por entender que não são dignas de descanso, por acharem que não merecem;

·  Boicotes e Procrastinação – não merecerem saúde, relacionamentos bons, sucesso, profissão e dinheiro.

·      Cleptomania – desejo incontrolável de roubar na verdade, a carência, roubar pra preencher esse vazio; pra essas pessoas os objetos não significam nada; talvez mais a necessidade de serem descobertas e punidas.  

E por aí vai, poderia ficar aqui falando dos inúmeros distúrbios, porém na maioria deles é preencher vazios e punição

 

Assim se isso acontece com você, ou uma pessoa próxima, não adianta chamar atenção, ameaçar, brigar, uma vez que é inconsciente, a pessoa não tem consciência do que faz, pois, o distúrbio se instalou na mente inconsciente lá na infância. Assim a pessoa têm até consciência das conseqüências e sofre por isso, como Katie no filme, mas, acha que não tem saída, que a vida é assim mesmo, não enxerga soluções.

 

Dessa maniera, nessas situações, somente com tratamento psicológicos e psiquiátricos essa pessoa pode encontrar ajuda e se libertar desses sofrimentos muitas vezes terríveis que podem afetar toda uma família. Se tratando, pode encontrar o caminho da felicidade porque ele existe sim  e todos nós merecemos estar nele.

 

Eu não tive graves situações em minha primeira infância, mais trazia uma carência afetiva de outra fase e por isso também por não compreender, passei grande parte da vida sofrendo pela necessidade de ajudar aos outros, que era como uma compulsão mesmo, assim como Katie que se formou psicóloga, e que na verdade entendi depois com a terapia e hoje como terapeuta, que essa ânsia de ajudar os outros não me preenchia, por mais que tentasse. Com a terapia aprendi que eu precisava antes me ajudar, me compreender, me amar, me preencher de mim mesma, aumentando minha autoestima, me amando, e quando isso aconteceu, me libertei de muitos conflitos. Hoje tenho uma vida muito mais leve e feliz.

 

Porém com Katie foi pior, porque ela desenvolveu uma compulsão que causou sofrimentos, não somente a ela, mas também às pessoas próximas!

 

Agora a reflexão que te peço é que não julgue ninguém por seus “defeitos”, a gente não sabe o que essa pessoa passa e já passou na vida. Mas, você pode dizer que na sua visão que algumas pessoas não tem razão para agir assim, já que “tem tudo na vida”, e eu te digo, somos um universo de personagens vivendo dentro de nós, seja dessa existência e também de outras, interferindo muito mais que você pode acreditar, e das muitas vezes até determinando nossa vida, nossos sofrimentos! Por isso, ao invés de julgar, use de empatia. 


No filme você podem ver o sofrimento de quem tem compulsão, e então eu te pergunto, e se fosse com você?


  Porque Falar de filmes numa Visão Psicoterapêutica?  

Eu amo filmes e séries, e assistindo encontrei uma forma de dividir com vocês minha visão psicoterapêutica do enredo, sempre com o objetivo de esclarecer aos relacionamentos e compreender os comportamentos dos personagens; Trazendo para vida real como entendimento de vida, liberação de conflitos para cada qual encontrar o seu caminho da felicidade.


Assista ao víde da matéria:



Vanderli Aparecida Pantolfi da Costa é Palestrante, Psicanalista
Saiba o que é: Terapia online


                                     


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