Crenças, Ignorâncias e Julgamentos Causam Sofrimentos - Série Bridgerton



Por Vanderli Pantolfi


A Trama é inspirada nos livros de Julia Quinn e repleta de personagens importantes.

Porque Falar de filmes numa Visão Psicoterapêutica?  

Eu amo filmes e séries, e assistindo encontrei uma forma de dividir com vocês minha visão psicoterapêutica do enredo, sempre com o objetivo de esclarecer aos relacionamentos e compreender os comportamentos dos personagens; Trazendo para vida real como entendimento de vida, liberação de conflitos para cada qual encontrar o seu caminho da felicidade.

Resumo:

A primeira temporada da série de época Bridgerton em oito episódios, centralizada num romance, em meio a julgamento, orgulho, traição e idealização da vida perfeita. Os protagonistas Daphne Bridgerton e Simon Basset vão descobrindo aos poucos como é viver uma relação de amor através da ignorância dessa relação, medos e desafios. Ao redor vemos outros personagens que por sua vez, buscam a sua maneira e crenças formas de serem felizes. Tudo isso numa época, em que a opinião da sociedade é a lei.

 

 

Visão Psicoterapêutica

Tudo que somos está ligado à nossas crenças e costumes de onde nascemos e vivemos. Com a vida na série Bridgerton não é diferente. Ambientada a história entre 1813 a 1827, momentos esses, onde os costumes e crenças focam na sociedade.  A história gira em torno da jovem Daphne que foi criada para o casamento, “ela ressalta essa frase, para ser uma dama. Dessa forma, sua vida esta presa a isso, de ser apresentada a sociedade num baile de debutantes e assim conseguir vários pretendentes para que possa escolher dentre eles o melhor partido para ser seu marido.

 

Vou abordar a minha visão dos personagens da primeira temporada da Série. Como são bem variados, te peço que preste atenção, que possivelmente você pode se encontrar em alguns desses personagens.  Para facilitar vou dividir por família. Vamos lá, começamos com a:


a)     A família Bridgerton: Uma família “normal” fruto de uma união de amor dos pais. Os filhos apesar de suas diferenças aparentam sentirem-se razoavelmente equilibrados por conta da base que os pais puderam oferecer. Lady Violet consegue manter a família de 8 filhos (Francesca que não aparece na foto) unida após a morte do marido, de acordo com a história, apoiada pelo filho mais velho que passou a assumir as responsabilidades de pai nos negócios da família e tem a missão também de aprovar o futuro marido da irmã. Vamos falar de cinco personagens adultos e da matriarca dessa família que se destacam em suas emoções:



·        Daphne – Uma jovem que foi criada para se casar e administrar um lar. Vemos que a mãe, nessa relação com ela foi brilhante, até mesmo em dizer que a filha deveria casar por amor, inclusive apoiando ela nesse sentindo, já que sua relação com o pai da jovem foi também por amor. Porém ao que tange esclarecer sobre relacionamentos íntimos, ou sexuais, não houve qualquer orientação e essa ignorância custou grandes sofrimentos para a jovem Daphne. Estou sempre a dizer da importância de conversarmos com nossos filhos, desde crianças, incluindo a adolescências para que possam construir uma vida segura e equilibrada. A falta de orientação, informações e esclarecimentos do que envolve a família e a vida, trará no futuro culpas, medos, angustias e sofrimentos. E isso ainda acontece nos dias atuais. Na clínica, trato de muitos clientes culpados, amedontrados e sofridos por não terem sidos esclarecidos das situações que aconteceram na infância e adolescência.


·        Anthony – O irmão mais velho. Para esse jovem a tarefa de assumir os negócios do pai e o cuidado com toda a família não é tarefa fácil, já que para isso tem que abdicar da própria vida para atender a família e sociedade. Essa situação causa sofrimentos a pessoas que são obrigadas assumirem papéis que não são seus, não pediram, não querem ter. Vemos então pessoas sobrecarregadas e infelizes por não ser o que são realmente.  Estão nas polaridades erradas, Anthony não é pai, ele é filho e assim que deveria ser tratado e não lhe ser imposto uma função que não é sua. Muito pesado isso. Na clínica recebo clientes que assim como Anthony foram obrigadas a assumirem papéis de pais e mães, sendo filhos ainda. Onde a polaridade esta errada ou trocada gerará sofrimentos. Sabe aquela situação de a mãe ou família dizer “agora você é o homem da casa!” independe da idade da pessoa, até na fase infantil, isso vai gerar muito sofrimento para essa pessoa que deixará de viver a própria vida para ter que assumir algo que não é sua função, sempre se sentindo infeliz, sobrecarregado e cansado. Vemos também, filhas e filhos trocando papéis com os pais, pelo motivo desses não se sentirem capazes de cuidarem de uma família. Isso precisa ser resolvido, cada qual deve assumir sua função, respeitando a ordem natural da família. Na série em algum momento apesar dos costumes da sociedade que obrigavam a isso, lady Violet, mãe de Anthony procura mostrar a imaturidade notória do filho pra esse papel, assumindo ela, o que é correto, a missão do cuidado com a família.


·   Benedict é o segundo filho mais velho, um artista que se descobre numa relação de amizade com outro artista de natureza livre apesar de seguir os ditos da sociedade, que segundo ele sufocante. Benedict vive sua vocação apenas a margem da sociedade, não se permitindo ser o que é nem mesmo para a família, que acredita não o entenderia. Nesse outro mundo descobre uma vida liberal, sem preconceitos, onde dá luz aos seus talentos artísticos, assim como suas relações amorosas. Administra ele assim esses dois mundos. Isso também acontece hoje com muitas pessoas. Submissas a um papel que fazem na sociedade e vivendo com intensidade sem normas e preconceitos outra realidade, sem coragem de assumir para a família e sociedade. Claro que isso tem preço e mais cedo, ou mais tarde a cobrança vem. Nascemos pra sermos nós mesmos, independente do que os outros nos julgam ou dizem que devemos ser. Se não temos coragem pra assumirmos quem somos, nosso inconsciente estará sempre nos lembrando disso. Se você se encontra nessa situação, busque ajuda! Acredite ninguém consegue viver o tempo todo se enganando a si próprio e aos outros. É necessário ser leal consigo e com os outros.

 

·   Eloise – A filha mais velha após Daphne – Essa jovem tem um espírito a frente do seu tempo. Ela quer o oposto da irmã mais velha. Quer estudar, trabalhar e ser livre, independente de homens. Liberdades consideradas raras e até escandalosas para as mulheres da época. Embora Eloise seja muito jovem, tem uma personalidade forte e tenta acordar as outras mulheres das suas realidades submissas, sem sucesso. Esse seu comportamento faz com que a mãe esteja sempre a repreendendo, causando a Eloise sofrimentos por não ser compreendida. Há de se destacar que, Eloise na infância criou um trauma ao ouvir os gritos da mãe no parto da irmã mais nova, talvez isso explique também não querer casar e ter filhos. Assim, quantos não se sentem em suas famílias, presos, incompreendidos, como se fossem “peixes fora da água”. Muito comum na terapia. São pessoas com vislumbre diferente da vida. Sobressaem ao normal, ao comum, e por isso são mal interpretados, às vezes considerados até rebeldes “a ovelha negra da família”. Saiba que se você é assim como Eloise, não tem nada de errado com você, nem com sua família, eles só não te compreendem. Mas como sempre digo, numa relação, “quem sofre é quem tem que mudar”. Mude você! Da necessidade de querer ser aceita e compreendida... Busque ajuda pra ser feliz sendo quem você é isso é possível, busque terapia!

 

·        Colin é o terceiro filho da família e muito amigo de Penelope Featherington, que nutre um sentimento a mais por ele. Esse personagem tem espírito aventureiro com grande vontade de viajar pelo mundo, mas também imaturo nas relações que lhe causa sofrimentos. Essa imaturidade pode vir da ordem que ocupa na família, sendo o terceiro filho dos homens, submetido aos irmãos mais velhos, causa-lhe insegurança, e, portanto necessidade de confrontar o irmão mais velho e também o sonho de “voar” quem sabe para se encontrar. Nas famílias, vemos essa situação com filhos mais novos, que costumam não serem valorizados pelos demais, justamente por serem mais novos. Essas relações causam nessas pessoas muita insegurança, medo de se expressarem, e na maioria das vezes até se submetem a relações amorosas de submissão numa tentativa enorme de se livrarem das situações atuais a que se sentem submetidos, aprisionados e desvalorizados. É como “trocar seis por meia dúzia”. Mas, por que a pessoa faz isso, parece não ter sentido? É que a pessoa que se sente assim na base familiar, não percebe que esta fazendo isso; no momento o que ela quer desesperadamente fazer é se livrar dessa submissão. Então se entrega de olhos fechados a uma situação que na primeira vista parece ser a salvação. O que você acha disso?


·        Lady Violet – a matriarca da família que ao lado do filho Anthony, conduz os filhos à vida adulta na busca de bons casamentos para todos. Violet é conhecida por ter tido um casamento por amor (algo raro naquela época) e assim dá bons conselhos sobre relacionamentos para Daphne, pecando por vergonha em não explicar a filha detalhes sobre a vida conjugal dos casais. Na maioria de nós mães, e nossas mães, conseguimos entender Lady Violet no sentindo que fazemos o que acreditamos certo para os filhos, respeitando na maior parte das vezes, os costumes e crenças a que fomos criadas e onde vivemos. Parece que a culpa de não ter acertado na criação dois filhos, sempre perseguem as mães, isso é doloroso, se você se encontra nessa situação, preste atenção nisso: hoje tenho trabalhado em mim, e com minhas clientes a trocar a culpa por responsabilidade, já que culpa, nos causa paralisia e sofrimentos, e responsabilidade detona ação, assim procuramos estar corrigindo e não mais só lamentando, além de aceitar que demos o que tínhamos no momento. Aceitar nossa imperfeição é libertador!

 

b)    Agora a família Featherington, vizinha de frente da família Bridgerton, os personagem mais destacados:


·        Penelope é uma das três filhas da família. Como as irmãs sempre estão em busca de um marido, sempre foi a mais tímida e prefere não chamar tanto a atenção, porque se sente que não é bonita, e percebe isso no trato da mãe para com ela diferente com as irmãs. Penelope, por algum motivo se sente inferior apenas por não se achar bonita e magra como as irmãs e demais jovens, isso lhe causa insegurança não se permitindo expressar seu amor por Colin Bridgerton. Esse seu comportamento aproxima Eloise, sua amiga, que acha que como ela Penelope não liga para relações amorosas, o que não é verdade. Por n razões muitas pessoas se inferiorizam na família e nas relações, achando não serem merecedoras de carinho, atenção e amor. Sabemos que essas carências surgem na infância no trato com os pais. Se você sente assim como Penelope, saiba que você pode e deve buscar ajuda profissional para ser feliz, visto que não é como os outros te tratam, mas sim, o que você faz com isso. Acorde pra buscar O Caminho da Felicidade, ele existe e você o merece sim!


·        Lady Portia - uma mãe ambiciosa, que disfarça, mas apressa-se para garantir pretendentes para suas filhas e para a sobrinha Marina Thompson que traz uma necessidade maior ainda. Parece à primeira vista, uma mulher desprezível, mas temos que entender os costumes da época. Num aconselhamento a Marina, percebemos que Lady Portia não casou por amor e aprendeu a conviver na relação o que era muito comum na época. Porém, hoje é assustador o número de pessoas que vivem uma relação ruim por medo, submissão, dependência financeira, ou apenas por conveniência. Claro que na maioria das vezes o resultado disso são pessoas frias e superficiais, pois não viveram uma relação de companheirismo. Não amam e não se sentem amadas. Mas, também, porque acreditam que não podem mudar, não fazem nada. Se você vive uma relação assim, saiba que você pode sim mudar, tomar as rédeas de sua vida e ser feliz. Na época do filme as crenças eram muito rigorosas, atualmente graças a Deus com um trabalho terapêutico bem elaborado você pode escolher suas próprias crenças se libertando das que te aprisionam.


·        Marina Thompson é uma personagem enigmática que aparece logo no começo da série e agita a sociedade por sua beleza. É prima da família Featherington, que veio do interior para ser apresentada à sociedade, faz sucesso. Mas, Marina esconde um segredo que vai movimentar a história. Marina é a representação de muitas mulheres que conheceu um grande amor e por diversas razões não pode oficializá-lo, tendo que assumir sozinha suas escolhas. Quantas mulheres passam por isso? Assumirem situações sozinhas, sendo julgadas, apontadas por uma sociedade ainda muito machista que vivemos hoje. E, por acreditarem ainda, apesar das diversas formas de orientação, que lhes falta opção, se sentem obrigadas a viver uma vida que não querem. Porém, eu digo que pode sim, você faz suas escolhas, desde que decida lutar por elas e enfrentar a tudo e todos, afinal a vida é sua! Você tem o direito de fazer o que quiser dela, claro sabendo que tudo tem conseqüências. Mas também escolhas!

 

c)     E por último e não menos importante, a família Basset Hastings

·        Duque de Hastings. Um homem rígido como as crenças e costumes da época. Coloca a linhagem acima de tudo. Não é capaz de amar, e despreza quem considera inferior. Nítido resultado de uma criação também rígida e aristocrata. Não recebemos de nossos ancestrais e passamos apenas genes fisiológicos para nossos descendentes, mas também, emoções, culturas e crenças, das quais fomos e somos escravizados a isso, caso não colocamos um basta. É nítida a solidão e infelicidade do personagem, por sua dureza de coração e comportamento no trato com os demais personagens.  Não ama, porque não sabe! Talvez você conheça alguém assim, pai, mãe, avós, tios, irmãos ou você mesmo, você mesma! Somos sim, resultados do meio somados a hereditariedade. Mas, saiba que, você é autor, autora de seu destino. Cabe a você dar o ponto final nisso e livrar as próximas gerações de crenças e comportamentos aprisionantes e limitantes. A ajuda existe você só tem que decidir procurar!


 

·        Simon Basset, o 10º Duque de Hastings. Quando ele nasceu sua mãe morreu no parto e seu pai, o nono duque, não demonstrou sofrimento pela perda e nem carinho pelo filho, apenas orgulho de manter a linhagem. Simon era gago quando criança, por isso desprezado pelo pai, que o queria perfeito, mas com muita dedicação sua, atenção, carinho e criação de Lady Danbury ele venceu a gagueira e se tornou um excelente aluno. Mas, isso não mudou a visão do pai, que o desprezou e aos 11 descobre que seu pai o considerava-o morto. Isso criou em Simon um sentimento de vingança em relação a seu pai sobre o título, a herança da família e a linhagem de uma maneira vingativa. Jurou no leito de morte do pai que a linhagem dos Hastings terminaria com ele, para desespero do pai antes de morrer. A perda da mãe sem ao menos ter convivido com ela, o desprezo do pai, tudo isso provoca em Simon dificuldades para se relacionar, mesmo com a cooperação e advertências de Lady Danbury. Simon apesar de cobiçado por todas as jovens vive uma vida de relações superficiais, até conhecer Daphne.  A partir desse encontro suas emoções pretéritas fluem assim como as dificuldades de viver essa relação. Estou sempre a dizer aqui pra vocês que a infância nas relações com os pais é à base de todos nossos conflitos. Das três fases que originam todos nossos sofrimentos que são: gestação, nascimento e primeira infância. Pelo que se vê na série, Simon tem crenças aprisionantes nas duas últimas fases com certeza. No nascimento com a separação da mãe pela morte dela; na primeira infância pela forma como o pai o tratou. E provavelmente também na primeira fase, na gestação, por conta das emoções da mãe na relação muito ruim de cobranças e desprezos por parte do pai o conde Hastings. Tudo isso ficou gravado no inconsciente de Simon, por isso tanta dificuldade em se relacionar com o amor. Se sente culpado, pela mãe e com ódio do pai. Todos nós, sem exceção, trazemos conflitos dessas fases de nossas vidas. Uns conseguem conviver, pra outros é insuportável. Se esse for seu caso, busque ajuda. Era insuportável pra mim, depois da terapia, minha vida ficou muito mais leve, as relações agora não são sofridas, pesadas. Hoje entendo o que se passou naquelas fases, e pude ressignificar minhas interpretações e me libertei de muitos sofrimentos, acredito estar hoje no caminho da Felicidade. Você também pode, busque ajuda!

E as personagens:

 

·        Lady Danbury é uma personagem muito interessante, inteligente e livre diante dos costumes da época. Veterana da aristocracia inglesa, ela consegue lidar bem com os rumores e interesses envolvidos nas relações, muito bem vista por todos, coloca alguns personagens em situações embaraçosas e divertidas. Ela ajudou a criar Simon como já falamos quando seu pai o rejeitou ainda na infância. Vemos aqui, uma pessoa que não se curvou diante das exigências da sociedade. Não se vitimou, encarou os problemas e tomou as rédeas da vida. Na história parece que sempre foi uma mulher forte e determinada. Com certeza a maturidade enalteceu mais ainda essa determinação na vida. Todos nós conhecemos pessoas assim. O que as fazem diferentes dos outros? Talvez, a forma como vê o mundo. Como uma grande oportunidade de aprendizado. É um exemplo para todos nós. O mundo precisa de gente assim. Você pode se tornar alguém assim! Tudo começa na decisão!

 

·        Lady Whistledown a escritora misteriosa por trás do jornal que revela os segredos da alta sociedade na série que dá o título de “temporada social". É vital para trama, apimentando, desafiando e constrangendo personagens, principalmente a rainha, que quer a todo custo desmascará-la, pois se sente insultada pela escritora. Na visão psicoterapêutica vejo Lady Whisthedown representando horas o it nosso instinto, que devemos nos soltar liberar nossas vontades, sem tramas, medos e preconceitos; outras vezes como o superego, nos cobrando, desafiando, condenando e até julgando. Assim, a representação da mente: it e superego tentam nos controlar, porém no final quem manda mesmo é o ego!  Por outras palavras, o que você é hoje é por conta de suas escolhas e decisões. Pense nisso!


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Vanderli Aparecida Pantolfi da Costa é Palestrante, Psicanalista
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